Sunday, March 2, 2008

Imigração para Canadá e Austrália

Oportunidades

BRASILEIROS NA MIRA DO MERCADO DE TRABALHO INTERNACIONAL


Viviane Macedo

O interesse de outros países em profissionais brasileiros tem aumentando com o passar dos anos, e esse olhar de fora é promissor. Já são muitas as vagas destinadas para imigrantes e muitos países dão prioridade aos brasileiros na seleção.

Québec, no Canadá, é um exemplo de mercado que abre portas aos profissionais brasileiros. A província, que recruta cerca de 45 mil imigrantes todos os anos, tem tanto interesse na mão-de-obra nacional que envia sistematicamente representantes ao Brasil para caçar talentos. Com poucos habitantes e uma taxa de natalidade muito baixa, o governo de Québec decidiu buscar profissionais qualificados em outros países para dar continuidade à sustentação da economia e do mercado locais.

A Austrália também tem um programa muito parecido para recrutar imigrantes. Com um território bastante extenso e uma população de apenas 21 milhões de habitantes – quase a metade da do Estado de São Paulo -, a demanda do mercado de trabalho local não consegue ser suprida e o país necessita buscar talentos no exterior. E os profissionais brasileiros se destacam naturalmente, graças à simpatia, à capacidade de adaptação e à facilidade de aprendizado.


CONHECENDO UM POUCO MAIS DE QUÉBEC

Apesar de estar sempre aberto à imigração e buscar ativamente estrangeiros, Québec realiza um processo criterioso de seleção, pois não são todos os perfis que se encaixam às necessidades da província. Um pré-requisito fundamental para conseguir o visto é o conhecimento de francês, o idioma local.

O Canadá tem dois idiomas, mas cada província tem autonomia para escolher o seu. E Québec, por questões históricas, escolheu o francês para ser sua língua oficial. "O profissional precisa ter, no mínimo, 150 horas de estudo do idioma. Mas, se aprovado durante todo o processo, ele ganha do governo um curso de mil horas gratuitas para melhorar a fluência e, com isso, aumentar suas chances de empregabilidade na província", afirma Soraia Tandel, agente de imigração de Québec.

A região canadense está à procura de profissionais jovens, preferencialmente até 35 anos de idade. O estado civil não influencia na possível aprovação do imigrante, assim como o fato de ter ou não filhos. Mas é indispensável que ele tenha os estudos concluídos e experiência profissional em seu país de origem.

Todos os requisitos que formam o perfil ideal para a imigração têm um motivo importante: o profissional que consegue entrar em Québec exerce a profissão em que se formou e atuou - por isso ele precisa ter fluência e dominar a língua local. "A idéia é trabalhar na área mesmo, e não ir para ser faxineiro ou coisas do tipo. A proposta não é lavar chão, limpar prato. É trabalhar com a profissão. Por isso o profissional precisa estar enquadrado no perfil", explica Soraia.

CONSTANTE ASSISTÊNCIA

Segundo Soraia, Québec financia uma série de ONGs – Organizações Não-Governamentais especializadas em Recursos Humanos para ajudar o imigrante a ingressar no mercado de trabalho mais rapidamente: "Cada imigrante tem um serviço de apoio, às vezes individual, às vezes em grupo, para elaboração de currículo, elaboração de carta de apresentação, identificação das empresas que estão contratando, ateliê sobre mercado de trabalho, sobre como passar numa entrevista. Então ele chega na província desempregado, mas não fica sem assistência, ele recebe tudo isso até conseguir um emprego", garante.

O governo também oferece escola, até o ensino médio, e sistema de saúde gratuitamente.

COMO ACONTECE O PROCESSO PARA QUÉBEC

Tudo começa com uma palestra, onde é apresentada a idéia do programa. A agente de imigração fala como acontece o processo e explica quem está habilitado a participar. Depois da palestra e do recolhimento de todas as informações necessárias, o interessado deve estudar francês. Durante o curso ele já pode providenciar todos os documentos e preencher os formulários, que estão descritos no site de Québec .

O próximo passo, já com 150 horas de estudo do francês concluídas, é uma entrevista de seleção, que dá aos aprovados o Certificado de Seleção de Québec - CSQ, documento oficial que atesta que ele está sendo selecionado. Já com o certificado em mãos, o interresado na imigração precisa entrar em contato com o consulado do Canadá em São Paulo (SP) para solicitar o visto. O processo de seleção conta ainda com verificação de antecedentes criminais e exames médicos, para averiguar o histórico de saúde do candidato. Todos os processos envolvem taxas e os valores podem ser conferidos no site da província.


O PROGRAMA DA AUSTRÁLIA

A Austrália também tem um programa que recebe imigrantes do mundo inteiro todos os anos. Em 2007, por exemplo, 110 mil vistos serão concedidos. O país, que vive um quadro adverso com relação ao crescimento da população, não consegue dar conta da demanda do mercado de trabalho e também vai buscar profissionais qualificados no exterior para preencher suas vagas.

Apesar de selecionar profissionais de diversas partes do mundo, a Austrália tem dado grande atenção aos brasileiros e já atraiu muita mão-de-obra daqui.

O PERFIL

A Austrália faz todo o seu processo por um sistema de pontos - a pontuação do candidato determina se ele será aprovado ou não no programa. "O governo vai dar mais pontos para quem é mais jovem, para quem fala mais inglês, para quem tem mais experiência. Esse sistema de pontos restringe bastante e segmenta melhor o perfil do profissional que o país procura", explica Érica Carneiro, diretora da Visacorp – agência de imigração australiana.

O profissional precisa ter, no máximo, 44 anos, falar inglês em nível intermediário (com bom nível) e ter trabalhado, no mínimo, um ano dos últimos dois anos.

EM ALTA

A Austrália recebe profissionais de todas as áreas, mas a necessidade do mercado de trabalho local varia. Hoje, por exemplo, as atividades que estão em alta são Contabilidade; Tecnologia da Informação; Engenharias Civil, Mecânica, Elétrica e de Mineração; Terapia Ocupacional, Gastronomia e Psicologia. "Há muitas outras áreas, mas que hoje oferecem menos chances", afirma Érica.

O PROCESSO

A Visacorp é uma empresa registrada só de imigração australiana e presta serviços para pessoas que pretendem entrar no programa. Seu primeiro trabalho é analisar se o profissional tem chances de ser bem-sucedido no processo. "Muita gente se equivoca com a Lei, porque ela é complexa e ambígua. O profissional pensa que pode pedir o visto, gasta dinheiro, dá entrada e ele é recusado. Nós fazemos uma análise do caso da pessoa e dizemos a verdade, se há ou não chances, para só depois darmos início aos trâmites", conta Érica.

Se após essa primeira avaliação for identificado que a pessoa tem chances de ser aceita, ela fecha contrato com a agência, recebe uma lista com todos os documentos necessários e aguarda a resposta do governo da Austrália. Mais informações sobre o processo podem ser conferidos no site da Visacorp .

SEM A AGÊNCIA

O profissional interessado em imigrar para a Austrália pode também fazer esse processo sozinho, seguindo as instruções disponíveis no site do governo do país. Porém, quem fizer essa opção deve estar ciente de que não terá a mesma orientação. "Quando o profissional contrata uma empresa, ele tem um processo muito mais rápido, porque a agência já sabe o que ele precisa e como proceder da melhor forma, tomando as providências necessárias para conseguir o visto. Com a Visacorp, por exemplo, num período entre nove meses e um ano o profissional já está com o visto na mão", afirma Érica.


ELES ACEITARAM O DESAFIO NO CANADÁ

Preocupados com a violência de São Paulo e dispostos a encarar novos desafios profissionais, Bianca e Odimar Tomazeli decidiram mudar do Brasil. O casal ainda não tinha um caminho traçado, então começou as pesquisas para conhecer um pouco mais sobre outros países. A princípio, Bianca queria ir para os Estados Unidos, mas o marido não concordava com a idéia. Foi quando conheceram uma pessoa que morava no Canadá havia 25 anos. Conversando com ela sobre o país, os dois ficaram bastante animados. "Simplesmente me apaixonei pela idéia de morar em Montreal e, a partir daí, começamos a procurar informações sobre a imigração, que não era tão fácil quanto hoje, e nos preparar para mudar de país", conta Bianca.

Ambos são profissionais de informática e estão trabalhando na área. Eles garantem que fizeram a melhor escolha e não têm vontade de voltar a morar no Brasil. "Eu estive no Brasil em dezembro de 2006 e deu pra sentir na pele a diferença. Acho que a tranqüilidade de você poder andar na rua às 3h da madrugada sem ter medo é algo que não tem preço", diz Odimar.

Sobre a realização profissional, os dois são unânimes: estão completamente realizados, felizes com a carreira e curtindo cada minuto. "Minha experiência está sendo ótima. Eu trabalho num ambiente bilíngüe, francês e inglês, o tempo todo, jamais me imaginei num cenário assim”, declara Odimar. E para Bianca a realização é a mesma. "Estou adorando essa experiência. Nunca achei que conseguiria chegar no nível que estou hoje", finaliza.

No comments: