Tuesday, December 6, 2011

Trajeto casa-trabalho de cariocas ficou 39 minutos mais demorado em dois anos


Trajeto casa-trabalho de cariocas ficou 39 minutos mais demorado em dois anos

O GLOBO
Publicado:

RIO - No trajeto casa-trabalho, os cariocas estão gastando, em média, duas longas horas, segundo a Pesquisa de Percepção 2011 do Rio Como Vamos. São 39 minutos a mais do que o tempo constatado há dois anos, na edição anterior do trabalho. Com tal realidade, não é difícil entender uma das maiores razões de insatisfação de quem mora no Rio de Janeiro: o trânsito, classificado de regular ou ruim por 75% das 1.358 pessoas que responderam à pesquisa. Os engarrafamentos são os vilões da história, segundo quase todos os entrevistados.

OPINIÃO: Você perde muito tempo no trânsito? Conte a sua história

O Rio Como Vamos vê nesses números a confirmação do que o carioca sente na pele: o trânsito está cada vez mais caótico, especialmente nas zonas Norte e Oeste, aquelas com maiores parcelas de insatisfeitos. Um nó que não é difícil de entender. Afinal, a frota da cidade tem crescido, desde 2006, de 4% a 5% ao ano. E 2010 terminou com 2,365 milhões de veículos licenciados pelo Detran, um carro para cada 2,7 pessoas. Em julho deste ano, já eram 2,438 milhões. Além da grande quantidade de carros, frentes de obras, muitas delas relacionadas aos projetos de transportes para as Olimpíadas, também ajudam a deixar as ruas mais estreitas, prejudicando o tráfego.

Da pesquisa surge ainda um alerta: não são só os engarrafamentos que incomodam, mas também o mau comportamento dos motoristas que desrespeitam as leis do trânsito.

Entre os entrevistados, 54% dependem do transporte público (45% são usuários de ônibus e o restante de outras modalidades), que não foi bem avaliado: recebeu classificação regular ou ruim da metade dos entrevistados. Superlotação e longos intervalos entre os veículos são os principais motivos de reclamação, principalmente nas zonas Norte e Oeste.

Para o Rio Como Vamos, a redução das horas perdidas no trânsito e a melhoria do transporte coletivo são primordiais para a qualidade de vida do trabalhador, que terá mais tempo para se dedicar à família e às atividades pessoais. Por isso, o RCV acompanha com expectativa o projeto dos BRTs, corredores expressos de ônibus. O Transoeste, o Transcarioca, a Transolímpica e a Transbrasil devem reduzir a viagem entre os extremos dos percursos em 50 a 70 minutos, beneficiando em especial as zonas Oeste e Norte. BRTs são apontados como solução viável e eficiente

Professor de engenharia de transportes da Coppe/UFRJ, Ronaldo Balassiano considera os BRTs uma opção factível (mais barata e rápida de implantar que o metrô) e eficiente. Mas diz que, para o carioca aceitar deixar o carro na garagem, será necessária uma campanha para convencê-lo da qualidade e dos benefícios do serviço. Assim como a pesquisa do RCV, que mostrou que 39% dos cariocas nunca ouviram falar do BRT, um trabalho coordenado por Balassiano na região do Transoeste (Barra-Santa Cruz) mostrou resultado semelhante. Mais preocupante ainda: 66% dos usuários de carros disseram que não abririam mão deles.

- Vejo os BRTs com otimismo, mas, para que funcionem bem, será preciso que os arredores dos corredores sejam revitalizados e que nas estações de integração haja centros comerciais e de serviços. Assim, se evitará que as pessoas se desloquem entre os extremos dos corredores - diz ele.

As obras do Transoeste e do Transcarioca têm previsão de inauguração entre maio de 2012 e o segundo semestre de 2013. As demais serão entregues até 2015. Para o RCV, como essas obras têm prazos extensos, seria interessante o poder público estudar medidas para minimizar hoje os problemas enfrentados por moradores sobretudo das zonas Oeste e Norte.

Segundo Alexandre Sansão, secretário municipal de Transportes, os BRTs substituirão linhas de ônibus longas e deficitárias por uma ligação racionalizada e com intervalos fixos. Como a Zona Oeste é a região com transporte mais precário, o Transoeste foi o primeiro projeto iniciado. O BRT atenderá 200 mil passageiros por dia.

Segundo a Fetranspor, as soluções para problemas apontados na pesquisa, como longos intervalos entre os veículos e lotação, devem ser buscadas com auxílio das autoridades e participação da sociedade. Para a entidade, só com a priorização efetiva do transporte coletivo a situação poderá mudar. A federação garante que as empresas de ônibus vêm fazendo a sua parte, aumentando a oferta de veículos, mas lembra que essas medidas isoladamente não acabam com os congestionamentos.

No comments: