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Entrevista
O inventário inacabado
João Quartin de Moraes (à direita), professor titular do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, militou na resistência
armada no final dos anos 60. Exilado na França de 1970 a 1980,
doutorou-se na Academia de Paris. Na entrevista que segue, o
professor, que foi diretor do IFCH, discute a atuação da Unicamp nos
trabalhos de identificação das ossadas de Perus.
P – O senhor testemunhou todo o processo que culminou na repressão aos
militantes da esquerda?
João Quartin de Moraes – Não, apenas uma parte dele. Estava exilado,
condenado por ato de resistência à ditadura militar. Isso tem uma
relação com o que falaremos depois, já que eu não estava aqui, não sou
testemunha ocular, apesar de manter intensos contatos com o Brasil. E,
até profissionalmente, acabei depois fazendo minha tese sobre as
instituições políticas brasileiras no século 20. Portanto, acabei
estudando o assunto por razões acadêmicas, adquirindo um conhecimento
um pouco mais sistematizado do que apenas o de testemunha de uma
época, embora, da França, sempre acompanhasse a situação do país por
intermédio de contatos.
P – O senhor militou em qual organização?
R – Militei na organização que mais tarde se chamaria VPR (Vanguarda
Popular Revolucionária). O processo da minha condenação se arrastou
por muito tempo, até porque boa parte dos indiciados morreu nos porões
do DOI-CODI. Condenado, mesmo, só fui em 1977, quando terminou o
processo. Dois anos depois veio a Anistia.
P – Quando o senhor deixou o Brasil?
R – Em meados de 1969. Fui para o Uruguai e, de lá, segui para a
França. Esse negócio de sair do país parece que é fácil, mas não é,
não. Tinha medo até de que a ditadura pudesse me acusar de terrorista,
assaltante de banco, conseguindo, assim, uma extradição. Mas, nesse
ponto, na verdade, a desmoralização da ditadura militar, vista como
regime de torturadores, era tão grande lá fora que ninguém foi
devolvido ao Brasil, mesmo aqueles envolvidos em operações armadas e
de ataques a bancos. No meu caso, não houve isso. Fiquei exilado com
direito a ser residente permanente na França. Voltei por causa da
Anistia; voltei porque não queria virar francês.
P – Em que ano o senhor ingressou na VPR?
R – Em 1968, assim que voltei ao Brasil, depois de dois anos de
estudos na França. Eu era um jovem professor, naquele tempo
recrutava-se mais depressa...Graduei-me na USP, em Direito e
Filosofia. Fui professor na Maria Antônia. Comecei a carreira bastante
moço como professor na escola secundária, mas logo, aos 23 anos, com
uma idade que hoje pode parecer ridícula – naquele havia menos oferta
de docentes – eu fui professor da USP, de História da Filosofia
Antiga, que foi minha primeira especialização. Isso não se faz mais –
nem deve ser feito -, mas ainda era um momento de muito recrutamento.
Isso foi em 1965, depois fiquei dois anos na França. Na volta me
articulei e engajei-me na resistência à ditadura, na luta armada, que
desencadeou-se no início de 1968.
P – O senhor tinha contatos dentro das organizações de esquerda?
R – Sim, tanto que voltei para as atividades profissionais já com um
compromisso maior com a luta clandestina. Perdi muitos amigos. É uma
questão com a qual me sensibilizo, não só como cidadão, mas também faz
parte da minha vida, por saber que estraçalharam, descascaram viva,
gente do meu círculo, pessoas amigas. A tortura faz parte da minha
experiência, da minha vida pessoal, embora nunca tenha sido vítima
dela. Não me pegaram, mas colocaram retratos meus espalhados por todos
os lugares. Tive a honra de estar naqueles cartazes que eles faziam e
colocavam "assassino", por que a esquerda matava os "meganhas" mesmo,
atirava de verdade.
P – O senhor chegou a participações de ações armadas?
R – Eu, pessoalmente, participei de uma ou outra. Não gostaria de
personalizar demais. Moralmente, eu me considero solidário aos
companheiros que pegaram em armas. Contra a violência dos golpistas,
dos torturadores, respondemos pela violência revolucionária. Dirigida
também contra os agentes do imperialismo, como capitão Chandler, da
CIA, que veio para cá depois de passar pelo Vietnã. Ele, que foi morto
pela resistência, dava conferência para a direita, no Mackenzie e, nos
bastidores, treinava torturadores.
P – Onde foi isso?
R – Em São Paulo. Essa ação me valeu dois anos de condenação. Não
participei diretamente, mas eu era da direção do grupo. Poderia valer
até 20 anos de cadeia, não interessa. O gringo veio aqui ensinar
torturador... Ele estava achando que ia fazer o que queria, estava
subestimando o fato de que havia uma resistência armada à ditadura.
P – Em que nível se dava a ingerência norte-americana?
R – A diferença é que, no Brasil, os americanos nunca precisaram
intervir diretamente. A ingerência era freqüente, mas não havia
presença física, ostensiva. Isso é o que engana muita gente,
principalmente quem não tem consciência política. A presença não era
como em Honduras, na Guatemala, onde os caras estão lá, andando nas
ruas, onde a coisa é descarada. Aqui, de fato, não foi assim, por que
não foi preciso, do contrário teria sido. Nós sabemos hoje, na verdade
está demonstrado desde os anos 70, que o golpe dado no Brasil foi com
total articulação com eles, conforme denunciou a esquerda. Tanto que
eles deslocaram uma força-tarefa e porta-aviões para cá, como costumam
fazer. Se o João Goulart tivesse conseguido se manter no governo, eles
teriam entrado em ação. O golpe triunfou. Se não tivesse, eles teriam
entrado.
P – Qual era a função da CIA nesse cenário?
R – A participação da CIA era de treinamento, formando torturadores e
outros especialistas da repressão. O objetivo da tortura enquanto
método policial-militar é a coleta rápida de informações. Descontando
o aspecto da crueldade, porque tem muita gente que é tarada, cruel no
sentido psicanalítico, científico. O que é crueldade? A crueldade é
você tirar prazer do sofrimento do outro, você gozar com o sofrimento
dos outros. A natureza tem dessas coisas...Então, o sujeito é cruel,
não adianta você argumentar com ele. Descontada essa patologia, ela é
uma técnica de coleta rápida de informações, uma corrida contra o
relógio. Para tomar a informação e operacionalizá-la. A CIA apenas
assessorava. Na verdade, a ditadura no Brasil tinha bases próprias de
sustentação. A direita era forte. Muitos disseram que a ditadura
brasileira era mera cabeça de ponte dos estadunidenses. Isso não é
exato. Americano domina por conta dos trustes, da extorsão financeira,
mas dizer que a ditadura se manteve porque era uma força de ocupação,
é inexato. A Oban, por exemplo, era uma inciativa bancada pelo
empresariado paulista, e os DOI-Codi eram um setor operacional das
Forças Armadas, uma estrutura que se reproduzia em cada unidade do
Exército.
P – Quanto tempo o senhor permaneceu no Uruguai?
R – Seis meses, cuidando da "fabricação" de documentos para poder sair
para a França.
P – O senhor chegou a ser perseguido?
R – Fui, a polícia brasileira estava por lá. Tanto que dois sujeitos
foram encher meu saco num hotelzinho onde eu estava registrado com
outro nome. Foram lá para assuntar, para provocar. Não sabiam ao certo
quem eu era, tinham apenas a certeza de que eu era de esquerda. Tanto,
que acabei pedindo para o Partido Socialista Uruguaio interceder.
Fiquei, então, na casa de um professor de história, depois no de duas
operárias têxteis militantes do PS. Fiquei alguns meses quase sem sair
para a rua.
P – Como, hoje, já com um certo distanciamento, o senhor vê o golpe?
R – O golpe no Brasil em 64 foi terrível, até hoje não dá para medir
as conseqüências disso. Deu outro rumo ao país, que não ficou parado,
mas ficou diferente, mais cruel para seu próprio povo. Todo esse
aspecto do desprezo pela miséria, pela reforma agrária, pela educação
e saúde públicas...Por outro lado, de 1969 a 73, houve o esmagamento
da resistência clandestina, além do surto da guerrilha do PC do B no
Araguaia, também esmagada. Aquele processo de resistência à ditadura,
que havia sido desencadeado em 68, e que durante dois anos manteve a
iniciativa, registrou um recuo, ficando reduzido a bolsões.
P – O seqüestro passou a ser uma linha de ação extremada, quase de
desespero?
R – O seqüestro dá bem a medida da crescente incapacidade de qualquer
operação, mesmo armada. O último ocorreu em 1971. Em 72 e 73 você
observa ações meio desesperadas. Os caras atacavam posto de gasolina,
virou meio de sobrevivência. A esquerda já estava, de qualquer
maneira, sendo coagida, constrangida, a adotar métodos que passaram a
ser confundidos com métodos de marginais. Isso é ruim. Quando se chega
a isso, o melhor é parar, cair fora, se exilar. A eficácia da tortura
fica clara quando reprime um movimento cortado da dinâmica social.
P – O que motivava a esquerda a assumir essas posições?
R – O motivo consciente era a esperança de vincular a necessida de de
dizer não à ditadura, de mostrar que ela era suscetível de ser
atingida, a um vasto movimento popular com dinâmica revolucionária.
Esse era o objetivo maior. Atos isolados de resistência à ditadura
eram política e moralmente importantes, mas por si só não conduziriam
à revolução. Houve apoio popular, mas limitado ao ano de 1968, momento
de efervescência – passeatas, surgimento de organizações aguerridas.
Os militares tiveram tempo de se rearticular, até porque não havia uma
crise no Estado, contrariamente à nossa expectativa. E havia uma
articulação muito mais sólida entre a estrutura militar- e sua cúpula
– e a classe dominante, a direita. E nesse ponto, o patronato – que
abrigava associações comerciais e a Fiesp - até manipulou os
militares, que foram, na verdade, instrumentos do golpe.
P – Quando a tortura foi institucionalizada?
R – Somente a partir de 68, mas não que não houvesse tortura antes.
Inclusive esse jornalista, Márcio Moreira Alves, que era da direita,
passou a se opor ao golpe por causa das torturas. De modo, que houve
muita tortura. Houve um festival de estupidez e brutalidade depois de
64. A Oban, por exemplo, teve vários patrocinadores, entre os quais é
citado Paulo Maluf. Claro, eles não deixaram recibo, então a prova é
difícil. A Oban era patronal, não era oficial, era composta por
milionários. Já os DOI-Codi, não. Seus integrantes selecionavam
torturadores, fizeram pressão sobre os militares que não quiseram
participar, que acabaram afastados da carreira. Não era todo oficial
que estava disposto a torturar.
P – Quem comandava a repressão?
R – Veja o caso do delegado Sérgio Paranhos Fleury, a celebridade que
o personagem adquiriu. O próprio Congresso inventou a "Lei Fleury"
para protegê-lo. Mas o comando da repressão era militar. No Brasil, a
tortura é institucional desde a escravidão. Preso comum sempre foi
torturado, em qualquer delegacia, desde a palmatória, passando por
outros métodos. Na época da ditadura, conheci um uruguaio que,
ironicamente, dizia que no Brasil o que estava havendo era a
democratização da tortura. "Filhinho de papai e bacana também estão
indo para o pau-de-arara", dizia. Você visita museus da Escravidão e
vê que o pau-de-arara está lá.
P – Alguns historiadores atribuem a Geisel o começo da distensão. Como
o senhor vê essa tese?
R – O Geisel tinha uma visão mais larga. Getúlio, Juscelino e Goulart
são nomes que chegaram a ter um projeto, iam mais além do que aquela
coisa de enriquecer, ocupar os cargos. Na ditadura, só Geisel teve um
projeto nacional, para o qual rearticulou aquela direção meramente
burocrática da cúpula militar. Lançou novo ciclo de desenvolvimento,
prevendo o fortalecimento dos bens de capital. A normalização
controlada era uma decisão política. Um jornalista chamou Geisel de "o
senhor fechado da abertura". Até porque era preciso punho de ferro
para reconverter algo. Tem que se fazer justiça, não dizendo que a
repressão foi banida, já que o massacre da Lapa ocorreu em 76, mas o
Geisel quebrou a espinha dorsal dos DOI-Codi, os caras têm raiva dele.
Ele encarou a extrema direita. Isso é um fato, há muitos elementos que
comprovam isso. Por exemplo: esse entreguismo completo do FHC, ele não
tinha. Acho que só o primeiro dos presidentes da ditadura, o Castelo
Branco, que chamou o Roberto Campos para ser ministro, pode ser
comparado à dupla Malan-FHC em matéria de entreguismo. Os outros
tinham um sentido de desenvolvimento nacional, mesmo o Médici, que foi
o pior pela tortura. Ele era um idiota, quem mandava era o staff dele,
parecia aqueles presidentes americanos, que não decidem nada. Jogava
biriba e lia história em quadrinhos O Geisel, nesse ponto, era
diferente. Ele tinha a idéia que o Brasil tinha que ser uma grande
potência.
P – Qual foi, para o senhor, o legado do golpe?
R – Para o Brasil, o golpe foi um desastre. Mas não podemos colocar
toda a culpa de nossas misérias nos militares. Funesta também foi
grande a traição do PMDB nos anos 80. Ele virou um mero partido de
gestão dos assuntos de politiqueiros. Era uma esperança maior do que o
PT, que era um pequeno partido de esquerda. O PMDB poderia ter
implementado uma reforma, que, mesmo burguesa, avançasse na
democratização, no desenvolvimento. Havia uma esperança de que aquela
frente, que lutou contra a ditadura, pudesse também ser portadora de
um projeto de reforma política. O estertor disso foi o Plano Cruzado.
P – No contexto da história recente do país, como o senhor vê o caso
das Ossadas de Perus?
R – Não sou um conhecedor, tem gente que faz estudos sobre o assunto,
mas me parece que, por causa desse Badan Palhares, a Unicamp não fez
tudo o que poderia fazer. Foi até omissa. Isso é uma tristeza. Eu,
como um professor da Unicamp, que passei boa parte da minha vida aqui,
lamento que a Unicamp não tenha feito tudo que podia.
P – Os professores da área de Humanas chegaram a se mobilizar para
cobrar uma posição da Universidade?
R – Acho que não fizemos tudo o que pudemos. Me parecia que a coisa
seria levada adiante pela Unicamp. Mas, na verdade, me coloco na
fileira dos omissos. Cheguei a perguntar, a me interessar pela questão
alguma vezes, mas a verdade é que fomos omissos ao deixar a Badan
Palhares o controle dessa questão. Acho que muitos foram omissos, não
todos, já que alguns colegas lutaram contra isso. Demorei para
compreender o processo.
P – O senhor acredita que a comunidade universitária não se deu conta
do que estava ocorrendo?
R – Mesmo eu, que era diretor do IFCH e portanto membro do Conselho
Universitário, não estava inteiramente convencido de que não devíamos
confiar a Badan essa responsabilidade. Não sabia, mas estava começando
a desconfiar. Aquele laudo que ele deu no caso PC Farias é ridículo.
Ele deve ter tido algum motivo especial, extra-científico, para querer
nos fazer engolir sua explicação, de que aquilo havia sido um drama
passional entre PC Farias e sua acompanhante.
P – Esse comportamento, no seu modo de ver deliberado, teria se
estendido também no caso das Ossadas de Perus?
R – Não sei, mas pode ser também por enturmamento, seja dele ou de
quem for, com essa direita militar. Eles têm uns bolsões poderosos,
eles não foram exterminados como a esquerda armada. Seria interessante
investigar se Badan tem vínculos com essa gente, com essa extrema
direita que está por aí ainda. Essa eventual articulação, digo
eventual porque não tenho provas, pode constituir uma motivação
ideológica. Isso talvez explique o desempenho insatisfatório dele em
relação às ossadas de Perus.
P – Mas algumas das ossadas chegaram a ser identificadas...
R – Só acho que é lamentável que esse processo que até no Chile está
indo para a frente, no Brasil....Para que o Brasil não fique um país
onde dizem que tudo acaba em pizza, temos que ressaltar que nós temos
gente de caráter, temos uma história dolorosa, somos capazes de lutar.
Mas no caso de Perus, infelizmente, por causa dessa omissão, não
pudemos dar o devido esclarecimento e, portanto, a devida satisfação
moral para os parentes das vítimas e para todos que lutam pelos
direitos humanos.
P – O senhor acha que superestimaram o papel do médico-legista ao
longo do processo?
R – O mais incômodo nesse assunto é a forma como as coisas se
sucederam. De repente vinha a Rede Globo e, em qualquer besteira, era
o Badan Palhares que aparecia. Essa exposição "mediática" foi um fator
de anestesia e nisso, também, as reitorias de então não estão isentas
de responsabilidade. Deixaram-se anestesiar, seria essa a expressão
mais justa. Estavam felizes de ver toda hora o Badan na televisão.
Eles ficavam encantados. Como diretor do IFCH, eu tinha a voz do
capítulo, podia cobrar, mas não o fiz com a necessária insistência.
P – O que pode ser feito pela Unicamp para que a situação seja revertida?
R – Os mortos estão mortos, as ossadas têm agora um outro
encaminhamento, mas a melhor coisa é fazer o que vocês estão fazendo.
A questão das ossadas é uma questão terrível da nossa história. Mas
temos que encarar o que é terrível. O Brasil precisa olhar de frente
essas questões, parar de varrer crimes para baixo do tapete. E a
Unicamp, infelizmente, varreu as ossadas para baixo do tapete. É pena,
mas nós estamos aqui propondo alguns elementos de análise que são os
mais evidentes. O que de melhor se pode fazer é reconhecer que, por
várias razões, não fizemos o que poderíamos fazer. Estamos sendo
honestos, sinceros, e com a firme convicção de que esse assunto não
pode parar aí. Acho que assumindo honestamente que foi omissa, a
Unicamp faz o melhor que pode fazer depois do mal que foi feito.
`Nem sei quem é essa pessoa', diz Badan
O médico-legista Fortunato Badan Palhares optou por não se manifestar
sobre as críticas que recebeu do professor João Carlos Kfouri Quartim
de Moraes, antes que as mesmas fossem divulgadas pelo Jornal da
Unicamp. "Eu quero que a entrevista seja publicada, para que eu possa
avaliar a resposta que achar cabível. Ele terá que ser responsável por
seus atos, no sentido de provar tudo aquilo que disser sem ter nenhum
elemento fidedigno", declarou.
Badan fez questão de frisar: "Nem sei quem é essa pessoa, nunca o vi,
nunca fui procurado por ele". E acrescentou: "Aliás, o estranho de
todo esse processo dentro da Unicamp é que eu só passei a ser
procurado depois que as pessoas começaram a querer notoriedade em cima
do caso".
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