Quase sete milhões de jovens brasileiros não estudam nem trabalham
Plantão | Publicada em 19/12/2007 às 14h33m
Demétrio Weber - O GloboBRASÍLIA - Quase sete milhões de brasileiros de 15 a 24 anos, o equivalente a 19,9% da população nessa faixa etária, não estudam nem trabalham. É o que mostra estudo divulgado nesta quarta-feira pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla). Ao todo, apenas 47% dos 34 milhões de jovens do país freqüentam a escola ou a universidade. O Relatório de Desenvolvimento Juvenil cruza informações de educação, saúde e renda, dando origem a um índice que tenta medir a qualidade de vida da juventude nos estados.
O Distrito Federal lidera o ranking nacional, com o índice 0,666, na escala de 0 a 1, semelhante à usada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Alagoas ficou em último lugar, com 0,367, enquanto o Rio de Janeiro ocupa a oitava posição, com 0,548.
O Rio ficou em último lugar no subindicador de saúde, puxado pela mortalidade de jovens por causas violentas, em que também ocupa a última posição. O Maranhão tem a menor taxa de mortalidade por causas violentas. Em termos nacionais, a taxa de homicídios caiu, mas vem aumentando o número de jovens mortos no trânsito.
O autor do estudo, Julio Jacobo Waiselfisz, diz que a desigualdade de renda é uma das principais causas da violência. Ele lembrou que, no Rio, as favelas ficam dentro da cidade e que os jovens pobres se espelham no padrão de consumo da população com maior poder aquisitivo.
O Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ) calculado para o Brasil foi de 0,535, o mesmo do relatório anterior, divulgado em 2005, e menor do que o de 2003 - 0,537. Os dados do relatório de 2007 são de 2005 e 2006 e têm como fonte a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, e o Sistema de Avaliação da Educação Básica, do Ministério da Educação.
No item educação, a taxa de analfabetismo entre jovens caiu para 2,4%. Ele disse que, em números absolutos ainda é muita gente, mas o índice já é suficiente para se falar em quase erradicação do analfabetismo entre jovens. O problema maior da educação, segundo ele, é a falta de qualidade. Entre 1995 e 2005, o nível de conhecimento dos alunos brasileiros ao final do ensino fundamental e do ensino médio piorou em português e matemática.
O diretor-executivo da Ritla, Jorge Werthein, defendeu a adoção de políticas públicas duradouras nos três níveis de governo - União, estados e municípios - para enfrentar o problema:
- Já temos todos os indicadores. O que falta é uma política de longo prazo que não mude a cada quatro anos, com a troca dos governantes - disse Werthein.
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